Uma das coisas mais importantes na comunicação é o ouvir.
Mas, o ouvir com profundidade, percebendo as tonalidades do que o outro está
falando. Percebendo seus sentimentos, suas intenções. É assim que você ouve?
Ouvi certa vez de um aluno que as pessoas não ouvem os outros
porque não se tem mais tempo para ouvir. Refleti bastante sobre essa opinião e,
então, questionei: “mas, por que as pessoas não têm tempo?”
Sei que esse questionamento parece bobo quando se está no
século XXI, afinal, basta olhar para sua agenda para saber que a sensação de
tempo para realizar as tarefas diminui muito nos últimos anos. Mas, se analisar
a questão mais a fundo (da falta de tempo) a resposta pode ser a chave de
muitas coisas. A primeira delas é que poucos são aqueles que percebem que a
comunicação é o caminho para tudo aquilo que se expressa durante um dia. Ou seja, é como se você precisasse de uma
ferramenta para trabalhar, no entanto não sabe operá-la muito bem.
Evidentemente, seu trabalho não vai sair lá muito bem.
O que fazer nesse caso? Primeiramente, fazer uma auto avaliação
a respeito da maneira como se comunica é o primeiro passo para não perder mais tempo.
Mensagens ditas com clareza e ouvidas também com clareza trazem eficiência
máxima à qualquer situação. Se a falta de tempo era o maior problema para o seu
ouvir, então, seu problema está resolvido. Será?
Particularmente, acredito que a falta de tempo é uma desculpa
usada para o não ouvir e para o falar demais. Não é a falta de tempo que leva o
não ouvir, mas a falta de vontade mesmo. Assim como toda revolução passada na
história da humanidade, vive-se, atualmente, na mais abrangente delas: a da
comunicação. Nunca antes na história do mundo (rsssss, desculpa, eu gosto dessa
frase) foi possível expressar abertamente aquilo que se pensa, sem que haja uma
punição imediata para isso. Então, as pessoas estão tendendo a usar o direito
de falar em larga escala, seja nas redes sociais ou fora dela. Até aí, tudo
bem, se o ouvir também fizesse parte do processo de expressão. Mas, repito,
muitos querem falar, mas poucos querem ouvir.
Além disso, o excesso de informações está levando as pessoas
a ficarem com a cabeça cheia de “coisas” e aí fica difícil mesmo ouvir o que
precisa ser ouvido. É o que chamo de ruído mental. Você está diante do seu
chefe pensando no seu filho? Está diante da esposa pensando no trabalho? É hora
de administrar seus próprios pensamentos! E, para isso, não é preciso um grande
esforço. Na verdade, muitas filosofias milenares afirmam que estar presente
durante uma fala é meio caminho andado para evitar qualquer ruído de
comunicação. Esteja presente. Veja a pessoa que está na sua frente, observe
suas expressões, seu jeito de falar, a entonação que confere às palavras, seus
sentimentos.
Agora, você pode estar se perguntando: “mas, por que é
importante ouvir?” Bom, poderia ficar aqui horas escrevendo dos ruídos causados
pelo não ouvir, mas vou citar apenas um para encurtar a história: não ouvir
gera ruídos, que leva a perda de tempo e dinheiro. Considero esse um motivo
suficiente para começar a ouvir. Mas, se você ainda não está muito certo de que
o ouvir pode trazer benefícios, vou fazer uma lista dos motivos para ouvir bem:
1) você passa a ter trocas
justas com as pessoas. Todo mundo quer ser ouvido. Quando você passa a ouvir as
pessoas, elas também lhe escutam. Não é retribuição ou culpa, é respeito mesmo.
2) o ouvir evita
equívocos: lembra da história do ruído que gera perda de tempo e dinheiro?
Ouvir leva você a entender profundamente uma situação, fazendo com que você
haja de maneira mais assertiva, levando-o(a) a ganhar tempo e atalhos para
realizar o que precisa ser realizado.
3) o ouvir evita que você
fale bobagem: quantas vezes você leu no Facebook um comentário esquisito a
respeito de algo que não era bem aquilo? Então, é a mesma coisa com a audição.
Se você não escuta, acaba falando bobagem.
4) quem escuta
profundamente, abre seu coração: não existe coisa mais bonita do que observar
uma mudança provocada por alguém que ouviu algo novo. É como mudar uma
percepção.
E, então, ouvir não é tão importante quanto o falar?
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