Muito
barulho por nada é uma obra de William Shakespeare em que confusões se
desenrolam em nome do amor. Brigas, intrigas, traições fazem parte do roteiro da
peça e, claro, como é de se esperar de uma boa comédia romântica, tudo dá certo
no final após os ruídos serem desmanchados.
Bem
menos românticos são os ruídos existentes na vida corrida do século XXI. Se não
bastasse um ruído ser ruim por si só, ainda existe a falta de tempo para arrumar
os estragos causados por ele. Seria tão mais gostoso e romântico se os
conflitos iniciados por um mal entendido pudessem ser filosofados por dias e
até meses, como na obra de Shakespeare! Pois, é. Mas, não é assim.
Apesar
da diferença de tempo entre a obra do grande mestre do teatro inglês e a realidade
em se vive atualmente ser de quase 500 anos, há alguns pontos em comum entre a
trama vivida pelos personagens e a atualidade.
Um
desses pontos é que, genialmente, Shakespeare tenta mostrar que nas idas e
vindas da vida (um adendo: hoje estou cheia de travas línguas com o texto,
rsssss), de modo geral, as pessoas fazem muito barulho por nada. Uma briga aqui,
uma intriga acolá que poderia ser mais facilmente resolvidos se as pessoas quisessem.
Mas, como é apresentado na obra, parece que uma pitada de pimenta nos discursos
faz tornar a vida ainda mais interessante.
Não
digo que essa é uma regra nem para todo mundo, muito menos para a maioria. Mas,
caro leitor, você há de convir comigo de que existem muitos ruídos por aí que
foram iniciados por nada.
Por
isso, Shakespeare parece ter dado um nome muito interessante a sua obra: muito
barulho por nada! Quanto barulho existente hoje poderia ter sido desfeito apenas
com um simples sorriso? Ou até um: “opa, me desculpa”. Ou ainda, “olha, achei
ruim o que você me disse.”
No
fundo, no fundo, parece que 500 anos após a obra de Shakespeare, as pessoas
ainda querem se esconder por trás das palavras ditas pelo outro para não
revelar, a si mesmo, o que é que lhe fere no discurso alheio. E aí, vale cada
um entender qual é seu desejo diante da intriga ou do mal entendido. Você
deseja resolver a situação ou fazer barulho com ela?
Atualmente,
as relações andam tão frágeis a tudo que qualquer palavra mal colocada pode, de
fato, terminar numa confusão sem final feliz. Quantas vezes você disse algo que
ofendeu alguém, mas não era sua intenção? Quantas vezes você comentou algo que
levantou a defensiva de um amigo? Quantas vezes percebeu que algo que foi dito
foi mal interpretado, por mais que você tenha tentando ser claro?
Então,
como teria dito Shakespeare: “a vida é cheia de som e fúria". Ou como diria Caetano Veloso: “ou não”.
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