Rita é uma senhora de setenta e poucos anos que trabalhava num supermercado e que puxava a conversa com os clientes quando observava um ar mais tenso. “Não gostava de ficar em casa”, comentou Rita comigo para puxar assunto.
“Então é por isso resolveu trabalhar?” – pergunto à senhora.
“Claro que não. Todo trabalho é um trabalho.”
Abri um sorriso concordando com Rita. E, então, ela
acrescentou: “já fui gerente de banco, já vendi sorvete na praia, já tive uma
pousada, mas o que gosto mesmo é o que faço no momento.”
“Ser caixa?” – perguntei com certa curiosidade. Ela retrucou:
“não, exatamente. Conversar com as pessoas.” Fazia todo sentido! Rita me fisgou
de imediato e, mesmo que não notasse, me abri a uma desconhecida que cativou
minha alma em pouquíssimo tempo.
Ouvi essa frase de Rita há uns oito anos. Nunca mais a vi e
confesso que nunca mais essa frase saiu da minha cabeça. Mas, por que a trago agora? E o que ela tem a
ver com a comunicação?
Bom, você já deve estar cansado(a) de ler nesse blog que a
comunicação permeia o trabalho das pessoas, o tempo todo, e de quase qualquer
profissional. Rita me provou que a comunicação é um agente modificador poderoso, capaz de prender a atenção até das
pessoas que não estão muito a fim de papo. Mesmo sem um conhecimento profundo
em comunicação ela sabia, como ninguém, a ter persuasão.
E mais, a relação que ela tinha com o trabalho comunica a
coragem dela diante da vida. Rita entendia que o importante era o momento que
ela vivia com o trabalho e não um cargo em si. E como fazia aquilo com amor! E,
então, aguardava diariamente, o que uma conversa, fruto de seu trabalho,
poderia revelar.
Quantas vezes alguém permite que o acaso, o destino (se
preferir chamar assim) revele coisas novas, inesperadas e até mesmo melhores do
que as sonhadas? Mas, isso só ocorre quando se permite ser surpreendido, sem esperar que
o trabalho vá ocorrer exatamente assim ou assado, ou que deve sair desta ou
daquela maneira ou que você só conseguirá fazer um bom trabalho se tiver essa
ou aquela pessoa em sua equipe.
Rita me mostrou o contrário: todo trabalho é um trabalho. Se você tiver sorte de estar distraído apenas fazendo o seu trabalho, sem ficar pensando no seu salário, no seu próximo cargo, na sua efetivação, talvez perceba tudo aquilo que um trabalho é capaz de lhe trazer e de lhe comunicar. Nem que seja uma conversa boa numa fila de supermercado.
Rita me mostrou o contrário: todo trabalho é um trabalho. Se você tiver sorte de estar distraído apenas fazendo o seu trabalho, sem ficar pensando no seu salário, no seu próximo cargo, na sua efetivação, talvez perceba tudo aquilo que um trabalho é capaz de lhe trazer e de lhe comunicar. Nem que seja uma conversa boa numa fila de supermercado.
Every job is a job
Rita is a
sixty something lady who used to work in a market and used to start a
conversation with clients when she noticed a very tense atmosphere. “I don't
like to stay at home”, she told me to bring a topic.
“So
that’s why you decided to work?” - I asked to her.
“Definitely
not. Every job is a job.”
I started
to smile agreeing with Rita. And so, she continued: “I was a bank manager, I
sold ice-cream on the beach already, I used to have a inn, but what I really
like is what I do in the moment”.
“Be a
cashier?” - I asked with some curiosity. She snapped: “not exactly. To talk
with people”. It makes sense! Rita hooked me immediately and, even she didn’t
realize, I open myself to an unknown that captivated my soul in few time.
I heard
this from Rita about eight years ago. I never met her again and I admit that
this phrase never get out of my mind. But why I bring it now? And what it has
to do with communication?
Well,
probably you are tired to hear communication permeates people’s work,
everytime, and almost every professional. Rita proved me communication is a
powerfull change agent, able to catch attention even those people who don’t
want to talk. Even without any deep communication knowledge, she knew, like
nobody, to have persuasion.
And more,
the relation she used to have with her job, communicates her courage in face
off life. Rita understood that the important is the moment she was living with
her job and not the role itself.
And how
she used to do that with love! And daily, she waited, what a talk, the fruit of
her work, could reveal. How many times someone allows that the random, the
destiny (if you prefer to call like this) reveal new things, unexpected and
even better than the dreamed things? But this just happen when you allow to be
surprised, without expect that the job will happen exactly like this or that,
or the result should be this or those or you just could do a good job if this
or that person is in your team.
Rita
shows me the opposite: every job is a job. If you have luck to be distract just
doing your job, without thinking about your salary, in your next role, in your
effectuation maybe you’ll realize everything a job is capable to bring to you
and to communicate to you. Even if it's a good conversation in a supermarket
queue.
Translator:
Bruna Gonçalves. 23 anos. Redatora publicitária e marketing digital. Faço freelas de conteúdo e de tradução. Pode me encontrar também no blog Não Sei se é Fome ou Tédio ou por e-mail: brunalvgoncalves@gmail.com
Bruna Gonçalves. 23 years old. Copywriter and digital marketing. Freelances in copywriting and translation. You can find me in Não Sei se é Fome ou Tédio’s blog or by e-mail: brunalvgoncalves@gmail.com
0 comentários:
Postar um comentário