Dias atrás, vi uma moça encostada na parede de um prédio
comercial (bem chique, por sinal). Com uma maquiagem linda, bem arrumada, ela
não conseguiu segurar as lágrimas.
Então, me aproximei: “como posso lhe ajudar?”
A moça contou que tinha muito medo de perder o trabalho
porque não era igual a seus colegas. Achava que não tinha a mesma inteligência,
não sabia propor projetos novos e que não era valorizada pela equipe. E aí,
então, a moça complementou: “meu chefe é muito perfeccionista, ele não aceita erros.”
Logo percebi que o ambiente que ela trabalha (se já não foi demitida) é muito
competitivo.
Falei algumas palavras para acalmar a mocinha, mas sei que
ela nem prestou atenção. A sensação que ela me passou foi a de que “algo ruim
iria acontecer” pelo medo de errar. Não preciso dizer que a “Era mais
autoritária” dos chefes já passou e que as
próprias corporações sentem o peso do estresse imposto a seus funcionários: rotatividade
grande, brigas judiciais, clima organizacional tenso, uma penca de atestados
médicos.
Mas, a “perfeição no trabalho” ainda existe e é exigida em
alguns (ou muitos, não sei quantificar) escritórios. Veja, não acho errado
querer que os profissionais atinjam o seu melhor ou tenham um desempenho
excelente ou ultrapassem uma meta. Quem não quer dar o melhor de si, apresentar
seus talentos ao mundo? No entanto, a pergunta que faço é: a que preço?
Verbalizar exigências achando que seu funcionário se tornará
um profissional melhor pode, inclusive, surtir um efeito contrário. Pessoas ficam
muito arredias e chateadas com críticas pesadas. Quem quer sair de casa para se
sentir um “merda”? Desculpe-me a franqueza.
Agora, já pensou como deve se sentir uma pessoa que é
valorizada por aquilo que faz? Que recebe palavras de incentivo por seu
desempenho? Que é corrigida com educação quando erra, mas também é incentivada
a caminhar apesar do erro?
As corporações não são feitas de metas. São feitas de
pessoas. E elas vão querer fazer mais e mais daquilo que nelas pode ser um
talento quando valorizadas. Elas vão despender mais energia para pensar no
assunto, vão se sentir vibrantes com suas tarefas. Por isso, quando se quer a
perfeição de seus trabalhadores é preciso pensar no “como” fazer isso.
Lembre-se a perfeição nada mais é do que uma ação repetida
mil vezes. Se não der a chance das pessoas errarem, como chegarão à perfeição?
p.s: existirão aqueles que
vão dizer que o funcionário que não cumpre uma meta traz prejuízos. Com
certeza. Mas, um trabalhador que tem “medo” ou se sente desmotivado traz tantos
prejuízos financeiros quanto àquele que não cumpre a meta.
Translation:
Perfection, at what cost?
Some days ago, I saw a lady
leaning against the wall of an office building (very fancy one, by the way).
With a pretty makeup, well dressed, she couldn’t hold back her tears.
I got closer: “How can I
help you?”.
The lady told me she was
afraid to lose her job because she wasn’t like her colleagues. She thought she
wasn’t so smart, she didn’t know how to propose new projects and that she
wasn’t valued by the team. And then, the lady added: “my boss is really
perfectionist, he doesn’t accept mistakes”. Soon I realized that the
environment where she works (if she wasn’t fired already) is very competitive.
I said some words to calm
her down, but she didn’t even pay atention. The feeling she gave me was that
"something bad would happen" by the fear of making mistakes. Needless
to say that "Authoritarian Bosses Era" has passed and the
corporations feels the burden of stress imposed on its employees: high
turnover, court fights, tense organizational climate, a bunch of medical
certificates.
But the “perfection at
work” still exist and it’s demanded in a few (or many, I don’t know how to
quantify) offices. Look, I don’t think it’s wrong to want that professionals
reach their best or have an excellent performance or exceed a goal. Who does’n
want to do your best and show the world your talents? However, the question I ask is: at what cost?
Verbalize demands thinking
that your employee will become a better professional can even provocate the
opposite effect. People get very skittish and upset with heavy criticism. Who
wants to live home to feel like a “shit”? Sorry my
openness.
Now, have you ever wondered
how would feel a person who is valued by what he does? Who receives
encouragement words for his performance? Who is corrected politely when wrong,
but is also encouraged to walk despite the error?
Corporations aren’t made by
goals. They are made by people. And people will want to do more and more of
what in them can be a talent when they are feeling valued. People will spend
more energy to think, they will feel vibrant with their tasks. So, if someone
wants the perfection from his workers, he needs to think about "how"
to do it.
Remember, perfection is
nothing more than a thousand times repeated action. If you don’t give a chance
for people to make mistakes, how will they reach perfection?
PS: There will be those who says an employee that doesn’t reach a goal
brings losses. For sure. But an employee that is “afraid” or feels unmotivated
brings as much losses as those who doesn’t reach the goal.
Bruna Gonçalves. 23
anos. Redatora publicitária e marketing digital. Faço freelas de conteúdo e de
tradução. Pode me encontrar também no blog Não Sei se é Fome ou Tédio ou por
e-mail: brunalvgoncalves@gmail.com
Bruna
Gonçalves. 23 years old. Copywriter and digital marketing. Freelances in
copywriting and translation. You can find me in Não Sei se é Fome ou Tédio’s
blog or by e-mail: brunalvgoncalves@gmail.com
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