Você já se pensou em morar numa ilha deserta, longe do
barulho dos carros, do agito da vida? Talvez esse pensamento já tenha lhe
passado pela cabeça alguma vez. Alguns até fazem isso mesmo, vão morar numa
ilha deserta. Agora, já parou para se perguntar por que é que a maioria das
pessoas não se muda, simplesmente, criando movimento de êxodo urbano?
Porque, apesar de parecer contraditório, as pessoas precisam
se sentir conectadas ao que está acontecendo no presente, se sentir inseridas
nos movimentos da sociedade. O nome disso é senso de percepção (já comentei sobre ele aqui). Esse é um dos
motivos pelos quais o jornalismo existe. As pessoas não têm uma curiosidade, apenas. Elas têm uma
necessidade de perceber a realidade do momento em que estão vivendo e conhecer,
discutir sobre ele e estar nele, de alguma forma.
Alguns podem chamar esse senso de referência, por exemplo, que é um movimento de olhar para fora para
entender o que se passa em seu interior.
Mas, o que é olhar para fora? É um exercício de comparação?
Utilizar o seu senso para perceber o que está acontecendo ao seu redor não quer
dizer que você vai fazer exatamente o que os demais realizam num período de
tempo. O senso de percepção de cada um propõe a observar os movimentos. O que está acontecendo ali na esquina? Que
comércio abriu no seu bairro? O que o prefeito disse essa semana? Será que a
presidente vai tomar decisões sensatas? Essa percepção pode ir mais longe: será
que Gisele Bündchen vai voltar para as passarelas depois de ter anunciado sua
aposentadoria?
E isso tudo é muito natural. Mas, existe um limite muito
tênue entre olhar para
fora e comparar a realidade dos outros com a sua. É muito comum se ver pessoas
tentando ter uma vida muito parecida com a de alguém que viram na revista, na
televisão e até mesmo na sua rua. E isso engloba diversos aspectos sobre a
percepção do outro: pessoas
buscando ter um corpo que não é o seu; querendo mostrar um status a que não pertence; buscando apresentar alegrias que
não são verdadeiras. O Facebook mesmo apresenta pessoas em momentos de
felicidade, mas nem sempre
aquela realidade traduz a verdade.
Cuidado, a comparação
não vai lhe ajudar.
Primeiro porque olhar para fora, ainda que seja uma
necessidade básica do ser humano, jamais deveria ser interpretado como um “devo
ser assim também”. Ao longo da vida, as pessoas cumprem coisas que, aos olhos
dos outros, é muito conveniente. Então, por exemplo, as pessoas esperam que
você tenha um bom emprego. Lembro-me de uma amiga contando que, depois de ter
terminado o doutorado foi morar com o marido na Escócia. Lá ela trabalha em um
restaurante e o marido é médico. O salário dos dois é equivalente. Mas, aos
olhos daqueles que ficaram no Brasil, ela é louca por não estar lecionando. Que
diferença faz para ela? Lembro-me também de uma frase que me disse quando se
encheu de tantas comparações com as
amigas que no Brasil lecionavam: “se a gente tentar se comparar aos outros e atender
aos pedidos verbalizados, estamos fritos. As pessoas são muito exigentes e
caprichosas!”
A meu ver,
isso tem um porquê. Na entrevista que a psicóloga Márcia Maito concedeu
para o texto sobre apontar o dedo,
comentou sobre a dificuldade das pessoas em avaliarem suas próprias posturas,
desejos, sonhos e como, ao mesmo tempo,é fácil apontar o dedo para os outros. O
mesmo tema foi abordado pela coach
Adriana Ferrareto, no post anterior, em que ela comentou sobre a importância de olhar para si e
parar de culpar os outros por suas posturas.
A comparação ainda tem outra faceta: a comparação no sentido de competição.
Não basta olhar para o outro e compará-lo a você. Alguns não
conseguem observar o mundo diferente do seu sem ter que dizer que seu mundo é
melhor ou mais importante. Imagino que
você já tenha passado por isso. Ao contar
para as pessoas que você passou por um assalto, por exemplo, alguém comenta:
“mas, o que eu passei foi muito pior.” Ou ainda, quando você comenta algo
positivo, como por exemplo: “vou para Europa no verão.” Ai, alguém comenta:
“ah, mas fui no inverno e é muito mais legal.”
Esse tipo de afirmação demonstra que a pessoa não está
escutando o que você está dizendo. Nem sempre isso é consciente. Na verdade,
algumas pessoas precisam valorizar suas vidas para si mesmas.
Mas, ainda existe a
comparação no sentido de depreciação. Nem sempre esse é também um movimento
consciente das pessoas, por isso é preciso estar com o coração tranquilo para
lidar com as pessoas que se comparam a você no sentido de depreciá-lo.
Vamos usar um raciocínio para ilustrar esse caso: você tem
todo direito de não gostar de qualquer coisa em uma amiga sua. Suponha que seja
a roupa. Mas, dizer pra sua amiga que ela é uma jacu é demais, né? E se ela
gostar do estilo próprio? E se não ligar para a aparência como você? Quem está se incomodando com o
assunto, você ou ela? Então, é hora de se perguntar por que é necessário
“ferir” alguém com palavras, porque
simplesmente não concorda com um posicionamento seu?
Agora, existe uma
“comparação” legal?
Claro que sim. Quando se observa um movimento e tem vontade
de se conectar a algumas pessoas ou tendência, é hora de observar quem é você e
como se insere nesse “movimento”. E aí, a comparação no sentido de escolha é uma oportunidade e tanto para
você rever quem é, o que deseja, o que busca, como se posiciona diante do novo e que benefícios você
também pode contribuir para essa realidade.
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