Perceba que mesmo que essas pessoas (das situações acima) não
digam nada, é fácil entender o que está acontecendo e o que, posteriormente,
possa ser verbalizado. Mas, por que, então, em outras situações, parece que a
comunicação não se faz de maneira simples ou transparente?
Você já parou para refletir se você se comunica bem? Mas, o
que seria a boa comunicação?
Confundida muitas vezes com a Oratória (que tem sua
importância, mas sem uma boa comunicação talvez não tenha muito efeito), a
comunicação eficiente nada mais é do que prestar atenção naquilo que se verbaliza,
como se fala algo, em que momento que você diz.
Na prática, ao contrário do que muita gente possa pensar, a
comunicação está atrelada muito mais ao seu comportamento diante dos fatos do
que qualquer outra coisa. Tudo o que você diz é um reflexo da maneira como você
percebe “as situações” no seu dia a dia. Há pessoas, por exemplo, que conseguem
manter um humor incrível mesmo nos momentos mais difíceis. Elas conseguem,
inclusive, fazer piadas em dias mais tensos, descontraindo o ambiente. Isso não
quer dizer que só tem uma boa comunicação quem tem bom humor. Mas, é mais fácil
lidar com pessoas bem humoradas, principalmente em momentos de tensão.
Por isso, indico às pessoas (quando me perguntam o que fazer para se comunicar bem) que para uma boa comunicação é preciso, acima de tudo,
prestar atenção em você. Antes mesmo de sair de casa, sinta como está o seu
estado de espírito e seja um termômetro para você.
Quem assume a responsabilidade sobre seus sentimentos não
corre o risco de acusar os outros, indevidamente, por suas tristezas ou
angústias. É evidente que problemas externos afetam o dia a dia de qualquer
pessoa. Desde uma fechada no trânsito até mesmo uma demissão podem causar
tristeza, por exemplo. No entanto, a maneira como você lida com sua tristeza é
que vai fazer sua comunicação ser mais fluída ou não. Despejar a sua raiva em
alguém, porque foi demitido, não vai lhe ajudar, por mais que as pessoas que
estejam ao seu redor sejam compreensivas. Que tal verbalizar que precisa de
ajuda?
Em um mundo tão agitado, tão repleto de angústias,
questionamentos, dúvidas, não espere que as pessoas estejam prontas para
entender o seu sentimento verbalizado de maneira ríspida. Elas não têm tempo para
chiliques e nem sempre conseguem entender suas próprias necessidades, tão
quanto a dos outros. Por isso, o exercício da observação sobre si mesmo (não
como um sentinela dos seus sentimentos, mas observador, apenas) deve partir de você.
E é um exercício que deve ser feito desde o momento em que se
levanta até quando for dormir. Como você se percebe pela manhã? É mau humorado?
É isso que quer verbalizar para as pessoas, mau humor? Agora, a pergunta que se
deve fazer é por que está mau humorado? Você não gosta do seu trabalho? Está
frustrado com algo? Seus planos de vida não deram certo até aqui? Então, é hora
de observar não somente seus sentimentos, mas mergulhar mais fundo no que o seu
coração está lhe falando e que talvez você não tenha escutado, mas que sua boca
talvez esteja verbalizando sem parar.
Perceba também que quem se isenta do exercício da observação
sobre si mesmo não vai se isentar da dor. Quantas pessoas sofrem de ataque
cardíaco porque se afogam em suas dores, sem nunca as terem verbalizado? O
problema é que as pessoas acreditam que, se esconderem seus sentimentos embaixo
do tapete, “cumprindo” suas obrigações de mulher, marido, filho(a), nora,
genro, evitam o conflito. Não se engane. A falta de observação sobre si mesmo
em situações que não lhe agradam é que nunca o(a) fizeram perceber o quanto
você já verbalizou chatices apenas porque não queria cumprir suas obrigações
(você não ouviu seu coração, mas ele deixou escapar aquilo que está lhe
incomodando).
Portanto, não tem como fugir. Observar o que se passa em seu
coração é o melhor indicativo para ter uma boa comunicação. Quem faz isso,
entende: a diferença entre você e o outro, respeitando as opiniões alheias
(porque aceita as suas); tem mais chances de não ser preconceituoso (porque
quem aceita seus posicionamentos de vida, entende a dos outros, sejam quais
forem eles); não tenta impor sua opinião (quem se observa antes de falar algo
entende que sua opinião pode não ser a mesma das demais pessoas); não deixa
ninguém em saia justa e não faz provocações; estabelece relações mais
harmoniosas (pelo simples fato de saber observar antes de falar); se permite
ficar calado (porque afinal, se for para polemizar e não acrescentar nada é
melhor ficar quieto mesmo).
Enfim, viu quanta coisa pode mudar em sua vida pelo simples
fato de observar os seus sentimentos antes de verbalizá-los? Por isso que
insisto que a boa comunicação é o resultado daquilo que você fala, como fala e
quando fala. E somente o exercício da observação sobre si (e seus sentimentos)
é que dará essa garantia.
Como dizia Confúcio:
“não posso ensinar a falar a quem não se esforça por falar.”
1 comentários:
Ô!
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