Um dos maiores desafios dos dias de hoje é encontrar tempo suficiente para fazer tudo aquilo que se deseja. Mas, sem sombra de dúvida, ter tempo livre é quase como encontrar um tesouro.
Por isso, hoje trago esse tema: o tempo. Se ele é o bem mais precioso
na atualidade, por que é que muitas pessoas ainda “roubam” o tempo alheio?
Não estou falando da conversa de bar ou do papo fora jogado
com os colegas de trabalho. Nada disso. Estou falando daquele tempo (ou pouco
tempo) livre entre uma atividade e outra. E aí, alguém lhe aborda para
conversar contigo, sobre qualquer coisa. Mas, começa a sentir que está perdendo
tempo. O papo parece estranho ou que vai ficar cumprido demais ou que a pessoa
parece falar sozinha, sem se importar com sua presença. Pois, então. Isso é o
que chamo de tempo perdido!
Na verdade, não gosto de usar essa expressão (tempo perdido)
porque acredito, honestamente, que todas as situações vividas no dia a dia são
experiências válidas. Portanto, até uma conversa com alguém, que parece um
monólogo enfadonho, tem o seu valor. Nem que seja para o “despertar” para alguma
coisa.
Mas, vamos nos ater à conversa esquisita. Sou bastante avessa
às conversas curtas demais, sem que haja o mínimo de calor humano durante uma
integração. Nem que seja aquele momento em que se compra um pão na esquina e se
troca meia dúzia de palavras sutis com o atendente. Acredito que isso é o
mínimo para a existência de um diálogo.
Quando me refiro a conversas esquisitas, no entanto, falo a
respeito daquelas abordagens sem muito propósito. Vou listar alguns casos que
acredito que se encaixem no que estou falando. A começar pelos famintos pela
tecnologia: partindo do princípio de que toda comunicação deve ser realizada dentro
de um processo colaborativo (com educação, com paciência para ouvir o outro e
com assertividade nas respostas), acredito que não é nada colaborativo alguém
que lhe aborda e fica teclando no celular ao falar contigo. É evidente que o
mundo está digitalizado, mas em que você está, efetivamente, prestando atenção
quando faz isso?
Outro exemplo de “roubador de tempo” é o daquela pessoa que se
considera realmente muito mais importante que os demais. Então, já chega
falando e não dá espaço para o interlocutor tentar um diálogo.
Da mesma forma, as pessoas que acham que suas dores são
sempre as maiores e expressam suas preocupações, o tempo todo, podem ser
tomadoras de tempo. Isso porque, em geral, elas têm pouca empatia. Elas acreditam
que o que estão passando é de extrema relevância (e, para elas, deve ser mesmo.
Afinal, não conseguem mudar de assunto). E, em geral, falam só sobre problemas,
fazendo do interlocutor um muro das lamentações.
Também roubam o tempo as pessoas que fazem qualquer tipo de
comparação, a fim, claro, de tornar suas qualidades sempre mais evidentes. Nada
é mais espontâneo e lisonjeiro do que uma pessoa que comenta a respeito do seu
cabelo ou roupa ou qualquer outra coisa. Mas, interromper uma conversa para
dizer que algo seu é melhor que o do interlocutor, é roubar tempo.
É também um “roubador de tempo” a pessoa que precisa trazer
tensão para o diálogo. Tem gente que faz isso com maestria. Consegue dar um
peso tão grande às coisas, que acaba com qualquer clima de tranquilidade. Inicia-se
um diálogo e, de repente, a pessoa começa a achar ruim o que você disse ou quer
lhe contrariar com uma ênfase tão grande, que acaba perdendo o “tom” da
conversa. E o diálogo mais se parece com uma briga do que com uma tentativa de prosear.
No mesmo grupinho estão também os maldosos, que precisam sempre analisar alguém
por meio de um aspecto negativo.
E ainda tem aquelas pessoas que são as “sabem tudo”. Basta
iniciar um diálogo para os “sabem tudo” já começarem a dizer o que você deve
fazer, ler, pesquisar, qual médico ir, que remédio tomar. Esses são os campeões
da falta de escuta ativa.
Enfim, o leitor também poderia fazer sua listinha das pessoas
que considera como um “roubador de tempos”. Por isso, não vou lhe tomar mais
seu tempo, leitor.
Apenas lhe dizer: o que lhe é mais precioso do seu tempo?
Portanto, não ocupe o tempo dos outros quando você não sabe qual é a intenção
de sua conversa. Aliás, nem a inicie, se não lhe estiver claro o que deseja com
o outro. Até porque um tempo perdido não volta mais.
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