É histórica aquela frase de que “para se dar bem na vida” é
preciso estar “melhor” que os outros. Profissionalmente, então, observo algumas
pessoas levando esse conceito tão a sério que mais me parece um “mantra para a
vida”. “Preciso dar certo”! “Preciso dar certo”!
Quem não quer dar certo? Mas, o que é dar certo para você? Num
mundo onde “as aparências” contam mais que a “essência” das pessoas, “dar
certo” é circunstância completamente subjetiva. Poucas pessoas talvez
concordassem com o meu ponto de vista sobre o “dar certo”. Até porque não
acredito que “se comparar” a alguém é sinônimo de “dar certo”. Mas, isso não
vem ao caso.
O que quero trazer à tona é a questão em torno da ética por
trás do “dar certo”. Não é incomum ver pessoas fazendo “de tudo” para saírem na
frente dos colegas. Ou, pelo menos, para parecerem ser tão originais quanto
seus concorrentes. Não gosto de usar a palavra concorrente porque,
honestamente, não acredito que duas pessoas ou duas empresas possam ou querem
fazer/ oferecer um serviço/produto completamente igual. Partindo desse princípio,
não seria mais fácil pensar que se vive em um mundo repleto de oportunidades?
Se o serviço que oferece não é igual ao do seu “concorrente”, ele deixa de
“concorrer” com você, certo?
Mas, em geral, os profissionais têm preferido observar o
outro como um “concorrente” que deve ser eliminado. Quase um inimigo. É aí que
entra a ética (ou a falta dela).
Existem alguns movimentos que se percebe nos profissionais,
que estão mais preocupados com “dar certo” do que com a palavra “ética”. O que
importa é o “dar certo a qualquer custo”. E aí, a comunicação ajuda a
identificar mais facilmente essas pessoas. Observe! Uma profissional que quer
aparecer a qualquer custo tende a ter alguns tipos de comportamentos. Falar mal
da “concorrência” é o primeiro passo. Pode reparar. Essa é uma maneira de
tentar depreciar o outro, para que o seu serviço/produto se sobressaia. O
“falador da vida alheia” só não repara que, ao fazer isso, está demonstrando
sua imensa insegurança que, muitas vezes, é percebida por seu interlocutor.
Assim como verbalizar algo negativo sobre o outro, tentar
imitar, roubar ideias ou até investigar (aqui no aspecto de xeretar mesmo) a
vida do concorrente, são outras maneiras de depreciar o profissional ou a
empresa “concorrente”. É como juntar informações para poder tentar encontrar
brechas no serviço do outro para, novamente, fazer com que seu serviço se
sobressaia. Esse tipo de verbalização de concorrência era muito comum no
marketing da década de 80, quando as empresas, literalmente, declaravam guerra
entre elas. Alguns profissionais dos dias de hoje parecem ainda utilizar esse
tipo de “comunicação”. E mais, tem gente que “investiga” a concorrência até
para dizer para seus clientes: “olha, andei pesquisando e sei que aquela
empresa cobra o dobro pelo mesmo serviço que ofereço”.
E, nesse caso, uma ação como essa é como um “benchmarking” que
não funcionou, afinal, o conceito de trocar ideias e avaliar processos mais bem
desenvolvidos para sua própria evolução profissional cai por terra quando não é
realizado com essa intenção.
Existem ainda outros comportamentos e verbalizações muito
comuns de quem acha a ética uma palavra (e um conceito) em desuso: não cumprir
o que prometeu a seus clientes; não estar preocupado com o bem estar na
organização, instituição ou empresa a qual contatou, visando apenas o lucro;
criar rivalidades ou intrigas; não estar preocupado com os prazos que foram
pedidos. Esses são apenas alguns exemplos. Tenho certeza, leitor, que você tem
alguma outra observação que não foi apontada aqui.
No entanto, também gostaria de trazer à tona as consequências
desses comportamentos e desse tipo de comunicação. Apesar de algumas pessoas
acharem que a concorrência está acima da ética, trouxe um vídeo do filósofo
Cortella para contra argumentar essa situação. Diz Cortella (e concordo
plenamente com ele) que a ética é que move as pessoas. E os que não são éticos,
muitas vezes, querem fazer com que as pessoas acreditem que o mundo é dos
“espertos”.
Particularmente, acredito que as pessoas estão sim bastante
focadas na ética. A título de ilustração, cito um caso: certa vez, uma
estudante de jornalismo me pediu uma proposta de Media Training. Achei estranho, porque realizo Media Training com grupos de estudantes, mas não havia recebido,
até então, um pedido único. Encaminhei a proposta. Dois dias depois, liga-me um
responsável por uma instituição renomada, dizendo que a moça tinha oferecido
uma proposta idêntica a minha aos diretores daquela instituição. A moça só não
sabia que eu já havia realizado o Media
Training com aquele grupo. E o responsável por aquela instituição ligou
para a moça dizendo que sabia que a proposta não era dela.
Portanto, apenas para finalizar e deixar o leitor se deliciar
com o vídeo do Cortella, digo assim: acredito, de coração, que ter a
consciência tranquila e fazer um trabalho bem feito traz mais sucesso do que qualquer
tentativa de alcançá-lo!
O vídeo do Cortella está no Facebook e não no Youtube.
2 comentários:
Alloyse: perfeito e, sobretudo, atualíssimo. Afinal, quem não sabe aprender com os próprios erros, principalmente éticos, pode não saber, mas já está ultrapassado. Como disse Clarice Lispector, "o erro também é um caminho".
Otimo texto, adorei!!! É um assunto muito importante que sempre temos que para pra pensar. Conheço alguns videos e palestras do Cortella rsr, admiro muito.
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