O jogo do Brasil com a Alemanha foi, sem sombra de dúvida, um
daqueles momentos da história em que o torcedor se pergunta: como isso pode
estar acontecendo?
E é um fato, que assim como as catástrofes, guerras ou
eventos inesperados podem deixar qualquer um, muitas vezes, sem reação, o mesmo
pode acontecer com uma grande derrota no futebol. Não entendo como alguém pode
realmente gostar de futebol como se isso fosse a razão de sua vida. Mas,
respeito. Afinal, também tenho minhas paixões.
No entanto, é interessante fazer uma observação nada
apaixonada, nesse momento, em torno dos discursos pós-derrota: “Felipão foi o
culpado! É uma seleção horrível! Ninguém jogou nada”. Deve ser mesmo muito ruim
para um torcedor que goste de futebol ver que o Brasil não será hexacampeão
mundial. No meu ponto de vista de uma humilde torcedora, apenas vi uma seleção
alemã muito superior e mais madura em relação à brasileira. Apenas isso! E, particularmente,
acredito que não existe um culpado e sim o conjunto de pequenas (ou grandes
falhas), que servem para a administração do
futebol no futuro.
Esse não parece ser o ponto de vista da maioria. O que vi nas
redes sociais, na mídia e nos comentários de boteco é aquela famosa frase: “o
culpado foi fulano”.
E por que é necessário culpar alguém? Porque é mais fácil!
Quando se culpa os outros (seja o país, o técnico, a professora, o cachorro do
vizinho) é como ganhar isenção sobre um problema! É como se não houvesse
qualquer responsabilidade sobre o tema que se fala. É como subir no telhado e
jogar pedra em quem está passando só porque não se gosta muito daquelas
pessoas, afinal você as vê como um problema, como culpados.
Mas, que responsabilidade tenho eu de gostar de futebol – vai
me perguntar o leitor? Ué, você escolheu ter uma paixão tão grande por um
esporte que isso pode lhe causar problemas, até de saúde! Mas, isso, é uma escolha sua (não minha). O olhar que você tem
sobre o futebol é que torna o futebol um problemão para você! E aí, quando se
culpa alguém porque seu time não vence é como encurtar o problema: o problema
está no culpado que escolhi ou no fato de olhar para o futebol como se não
houvesse amanhã?
Existe também um outro lado da moeda da culpa. Quando se
culpa alguém ou se pega alguém para Cristo (ou como Judas mesmo), pode haver,
aí, a intenção de esconder as próprias falhas. Culpar o futebol porque chegou
atrasado ao trabalho, culpar o jogo ruim para discutir com a esposa. Essas são
atitudes bem comuns das pessoas que, em geral, culpam os outros pelos seus
problemas.
Ah, a culpa também pode ser usada para isentar, qualquer um,
de amadurecer seus argumentos. Sabe aquele tipo de pessoa que opina sobre tudo
sem saber ao certo do que está falando? E como não tem um argumento
forte, fala assim: “ah, na verdade fulano é que é culpado”.
A culpa também serve de muleta para aqueles que querem ver a
vida passar, se queixando sobre quase tudo: o transporte, o trânsito, as ruas
lotadas, os relacionamentos difíceis.
Agora, já pensou em inverter essa situação? Qual é sua parcela
de culpa quando você joga lixo no chão da cidade onde mora? Qual é a sua
parcela de culpa quando não presta atenção em quem vota? Qual é sua parcela de culpa quando não se tem
qualidade em seus relacionamentos, sem observar o porquê (e aí, fica culpando
todo mundo)? Qual é sua parcela de culpa quando usa o futebol como desculpa
para não observar seus problemas reais?
Honestamente, você não se tornará melhor cidadão porque tem
culpa. Aliás, isso não mudará a vida de ninguém. Agora, que tal parar de culpar
as pessoas e começar a ter pequenas ações para que a sociedade seja melhor para
si e para os outros?
Durante a entrevista coletiva vi, no Felipão, um senhor com
um discurso honesto dizendo: “eu achei que isso seria o melhor!” Com certeza
ele achou. E, como ele mesmo disse: serve para aprendizados futuros.
Em vez de buscar culpados, que tal encontrar aprendizados? Para a derrota na Copa e para as suas dificuldades diárias
também!
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