“Night and Day” é uma das
músicas mais marcantes escritas por Cole Porter, um dos maiores compositores
modernos. E, assim como Porter, sua composição é uma mistura de “ousadia
discreta” ao falar do amor. Elegante como o elitizado Porter e ousada como o próprio
compositor que, vamos assim dizer, adorava amar em várias línguas e de diversas
maneiras. Mas, isso não vem ao caso.
Por
que falo de “Night and Day”? Porque esta música comunica o amor em seu mais
elevado nível de êxtase. É como flutuar. E quem não gosta de comunicar um amor flutuante?
Ou quem não gosta de ser arrebatado por um amor flutuante?
O amor expresso em “Night and Day” não é para qualquer hora. É
aquele em que você bate os olhos e sabe que algo mágico aconteceu. Que não é
preciso comunicar nada. Que intriga e cria um certo frenesi. Que traz medo e fascínio!
Que faz você não se dar conta de seus pensamentos e sentimentos, sem saber ao
certo o que é realidade ou o imaginário, como se fosse um estado de embriaguez
suave, ainda que tenha pleno controle sobre seus atos. Por isso, digo que “Night
and Day” faz flutuar.
E foi exatamente isso que fez o casal Ginger Rogers e Fred
Astaire no filme “The Gay Divorcee” de 1934: flutuaram sobre a letra de Cole
Porter. Dançaram a inocência e a persuasão sedutora que Porter tem como marca
registrada em suas letras. Sedutor até na insistência da conquista, interpretada
com perfeição por Ginger e Fred.
No entanto, outros músicos
e compositores entenderam a bela música em tons diferentes. Frank Sinatra, por
exemplo, interpretou “Night and Day” com a passionalidade provocante de um
mafioso. Isso, claro, cantada em uma voz única. Sua versão beira ao profano.
Não foi o que pensou Ella Fitzgerald
ao escolher a música de Porter como um dos símbolos de sua longa trajetória como
cantora. Apesar da melancolia tão presente nas interpretações de Ella, em “Night
and Day” há uma alegria saltitante de alguém que contempla a vida. Que se deixa
existir entre as confusões do coração e a rispidez da vida. Como quem diz: que
bobagem, let´s “Night and Day”.
E, claro, não poderia
faltar a versão do próprio Cole Porter. O compositor não era assim um cantor
expressivo (se comparado a Sinatra, por exemplo), não era bonito, não tinha uma
voz marcante. Mas, era um conhecedor do verbo amar! Não à toa, várias de suas
músicas estão eternizadas nas vozes mais lindas que o mundo moderno da música
já experimentou. Poderia ficar aqui escrevendo uma lista enorme de músicos que,
simplesmente, se renderam a Porter.
Se estivesse vivo, aplaudiria Porter de pé, gritando bravo! E
ainda diria: como pode, assim, roubar o meu coração? E é com Corter cantando a
sua própria canção que encerro esse texto.
E, se você ainda não
provou de “Night and Day”, recomendo sem restrições. O que está esperando?
Deixe-se flutuar!
Para quem quer conhecer um pouquinho mais sobre Cole Porter:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cole_Porter
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT868894-1655,00.html
Filme baseado na vida de Cole Porter (De-Lovely)
Filme baseado na vida de Cole Porter (De-Lovely)
1 comentários:
Pronto Alloyse: estou nas nuvens. Agora, só falta uma Ginger Rogers (pode ser a Cyd Charisse) para "Fly Me To The Moon" - na voz do 'cumpá" Francis Albert "Frank" Sinatra, eterno "the old blue eyes", claro. https://www.youtube.com/watch?v=qtFBRJFN3p8
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