Escrever não é tão difícil quanto parece.
É, na verdade, um momento tão delicioso que, os amantes dessa
prática (ou arte para alguns) poderiam passar horas apenas escrevendo. Muita
gente gostaria de escrever, ter um blog ou encontrar o seu nome marcado em um
livro guardado na estante da casa de alguém. Sonhos que só o exercício da
escrita traz.
Mas, falo que escrever é um exercício e não um “dom” em si
porque, honestamente, acredito que há um escritor dentro de cada pessoa.
Tudo bem, você vai me dizer que Machado de Assis é melhor
escritor do que qualquer blogueiro. É um ponto de vista. Conheço blogs
maravilhosos que Sr. Machado adoraria conhecer nos dias de hoje. Muitos deles
discutem se Bentinho foi realmente traído por Capitu.
Pode-se dizer que, claro, algumas pessoas tem mais facilidade
do que outras ao escrever. Mas, se a escrita não for um exercício diário (ou
semanal, por exemplo) nunca será, de fato, um “dom”. Não pense você que as
palavras aparecerão em sua mente apenas porque você deseja. Escrever é ter
disciplina!
E, para isso, é preciso perder aquela vergonha básica que a
maioria das pessoas tem (não minto que já tive) de temer o que irá sair ao
escrever suas palavrinhas no papel. “Mas, e se ficar ruim?” – me perguntou uma
amiga esses dias, que gostaria de ter um blog. Eu disse: e daí? Deixe o seu
coração falar por você.
Mas, esse é um risco que boa parte das pessoas não quer
correr. Deixar o coração falar é como andar no escuro, dentro de um corredor
apertado, cheio de paredes mofadas. Você fica aflito até que consiga encontrar
qualquer coisa que lhe seja um pouco familiar, fazendo se sentir seguro. Mas,
como você vai se sentir seguro se ainda não atravessou o escuro? Você irá
tropeçar, achar que está indo pelo caminho errado, irá buscar desesperadamente
uma saída. Mas, calma, você apenas está em uma zona não muito confortável!
O medo não é o do escuro. Mas, o que será que nossa alma revela
quando não temos mais “os outros” para interferir? Nesse momento, seu texto vai
indicar todo o barulho de seu coração: sonhos ou pesadelos? Palavras doces ou
um mar de amargura? Ressentimentos ou o perdão?
Temos muito medo de olhar as palavras escritas, por nós
mesmos, porque elas são o espelho de quem somos, mesmo quando não acreditemos
em nenhuma coisa do que escrevemos.
Por isso, é importante, quando começar a escrever, apenas deixar
fluir. Deixe acontecer. Se permita! Não pense no que as pessoas vão falar, se a
concordância está correta ou não (depois você corrige), se a frase tem
coerência ou não.
Mas, atenção! Escritores não ganham a vida apenas tendo
ideias, assim, do nada, sem nenhuma organização. Claro que com o tempo, as
ideias vão surgindo, naturalmente. As minhas, em geral, aparecem quando estou
desatenta. E percebo que vou escrever sobre algo quando estou no supermercado
pegando o potinho de iogurte e discuto mentalmente com uma ideia que não sai da cabeça. Então, eu digo: sei, então é sobre isso que vou escrever essa semana, então? Tá bom!
Mas, para que isso ocorra, reforço, é preciso ter rotina ao
escrever. Geralmente, escrevo aos domingos. Mas, quando, por algum motivo o
texto não aparece, eu sei que minha alma vai reservar algo para mim. Digo para
ela: “eu sei que você está aí, por que não conversa comigo”?
E, então, abro o laptop e fico aguardando. E não é que o
texto sempre vem? Passei a chamar de “download” o momento de escrever porque o
texto vem e de uma vez só!
Mas, para isso também tive que atravessar o corredor escuro e
mofado do desconhecido. Há cinco anos, estava sentada diante da minha coach
(que é uma pessoa que admiro muito) e ela me dizia: escreva, Alloyse. Escreva!
E, então, eu pensava: não, não tenho estilo, não sei o que dizer, não é para
mim.
Como tempo, entendi que o estilo é o segundo passo da
escrita. Quanto mais você pratica, mais o texto vai tomando a sua forma. Sei
que talvez não consiga ter tamanha desenvoltura como Jane Austen, minha autora
preferira. Mas, será que quero mesmo tirá-la de seu pedestal? Deixo-a lá com
seu estilo e eu com o meu.
Por isso, digo: escreva. Escreva qualquer coisa. Sentimentos,
pensamentos, o que vier em sua cabeça. Escreva receitas de bolo. Escreva em
guardanapos de bar, escreva uma carta de amor ou um livro, escreva um e-mail engraçado.
Mas, escreva! Porque escrever, não é tão difícil quanto parece.
p.s: devo a Adriana Ferrareto, minha coach na época, todos os "downloads" que já fiz na vida.
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11 comentários:
Um músculo só se desenvolve pela prática. Ler ou escrever, também. Simples assim. Parece óbvio demais. Mas saber dar valor correto é algo mais raro. Não é qualquer um.
Gostei muito de seu texto! Perfeito. Realmente escrever é um dos ofícios mais preciosos do qual podemos desfrutar. A palavra liberta! No jornalismo, muitas vezes nossas palavras são cerceadas pelos engessados métodos. No entanto, quando os pensamentos fluem livremente, o sentimento é de Redenção.
Olá, pessoal. Agradeço os comentários! Participem sempre. Esse é um espaço para aqueles que gostam de debater a comunicação!
Curti bastante seu texto. Acho que hoje em dia é tão comum ver pessoas criticarem o excesso de "filósofos da net", que seu texto soa como um respiro de consciência. Sim, estimular a escrita é estimular o pensamento, o compartilhar de informações e de pontos de vista. Democratizar o conhecimento, já que escrever é produzir, é fornecer ao mundo a possibilidade de agregar ideias e reflexões.
Anônimo,
muito obrigada por suas palavras!
Acredito também que escrever é agregar ideias e reflexões.
Compartilhe de suas aqui nesse blog.
Gratidão!
É por aí mesmo, Alloyse! Fica no adiamento, no momento da "inspiração", do tempo livre... Quando o necessário seria arregaçar as mangas e escrever...
Escrever pode parecer fácil,mas o fácil pode se tornar difícil quando você não tem o hábito da leitura. Então pra mim primeiro leia, leia muito, depois escreva.
Parabéns pelo blog e pelo texto.
Realmente escrever é para todos. E escrever bem não é dom, e sim o resultado de treino e muita leitura.
Um dia eu chego lá. Enquanto isso, vou me dedicando à arte de praticar!
Olá, Anônimo. Obrigada pelo seu comentário. Claro, a leitura é mmmmiiuito importante. Mas, acredito, também, que se lermos e não abrirmos nosso coração para a deixar o download acontecer, a leitura fica guardadinha (meio que sem uso). Então,acredito nesses dois movimentos: a leitura e a escrita!
Vivian Corazza, obrigada por suas palavras e pela leitura do blog. Acredite, mocinha, não deixe a escrita para "um dia". Escreva hoje. Aquele abraço!
Gostei muito!
Sou jornalista e blogueira. De vez em quando, rola um bloqueio mental e sei que, no fundo, é por pensar demais no que os outros vao pensar. Por isso, quase sempre falo pra mim mesma: "é sò um rascunho, nem vou publicar". Relaxo, escrevo e aì fica bom! :)
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