Segundo
o dicionário, a palavra amor significa “afeição” por outra pessoa. É
uma definição justa, mas pouco romântica a meu ver. Acredito que ao falar de
“amor” é preciso profundidade e atenção. Profundidade porque esse é um
sentimento fundamental em nossa vida (temos amor a pessoas, ao trabalho, a um
bichinho, a um hobby), e atenção porque acredito que existem muitas visões diferentes
para a definição de amor. Então, é preciso um pouco de atenção ao tocar no
assunto porque outras visões vão surgir e, em geral, cada um vai defender o seu
ponto de vista a respeito desse sentimento.
É sempre estar atento a outras visões a respeito do amor, não
há dúvidas, no entanto, como esse blog é meu, tenho o direito de defender meu
ponto de vista. E quero começar assim: o amor é o tema de centenas de milhares
de obras escritas por centenas e milhares de poetas e escritores espalhados
pelo mundo todo. O amor está também na música e nas artes, em geral. E isso não
é à toa.
Particularmente, acredito que o amor é a energia que move
todos os outros sentimentos do ser humano, por isso é tão comentado. Mas, nem
sempre se percebe a maneira como “se comunica” o amor aos outros. Aliás,
acredito que as pessoas nem percebam o quanto de amor elas transmitem ou deixam
de fazer isso pelo simples fato de não ter consciência do “como” estão
transmitindo esse sentimento.
Você fala abertamente às pessoas o quanto as ama?
Existem aquelas pessoas que vivem dizendo a seus amigos: “eu
te amo”! Para a sua secretária: “você é um amor. O que seria me mim sem você”? A um familiar: “ah, que amor. Obrigada por tudo.”
Há, no entanto, as mais diversas maneiras de se falar de
amor. Homens, por exemplo, quando querem dizer “eu te amo” a um amigo, dizem: “mas,
é um filho da p... mesmo”.
Falar de amor é falar com amor. Não importa muito a palavra
ou expressão que defina o seu sentimento por aquela pessoa. O que importa é a
intenção por trás da fala. Lembro-me uma vez quando minha sobrinha tinha uns
três anos e fez um desenho para mim. E, ela, me disse: “tia Lois, é para trazer
amor a sua casa.” Ela tinha apenas três anos. Fiz um quadro do desenho e
pendurei na porta.
Acredito que as crianças falem com muito mais naturalidade sobre
o amor do que os adultos e que elas não têm tantos filtros quanto os adultos. A
psicologia deve explicar isso...
Com o tempo, infelizmente, as experiências vão moldando novas
maneiras de olhar para o amor, como se fosse possível redefinir aquilo que o seu
coração tem de mais puro. Talvez, as situações mais pesadas dos anos que se
passaram da sua infância até aqui fizeram esquecer o quanto de amor exista em
seu coração. Mas, juro que se você cavar um pouquinho, vai achá-lo aí de novo.
Falo isso porque tenho observado, cada vez mais, as pessoas com
medo de dizer o quanto elas amam umas às outras.
Vou dar alguns exemplos simples. Há um certo tempo, uma amiga
comentou comigo que uma outra amiga em comum começou a namorar e que não fazia
mais programas com a gente. Então, eu disse: “por que você não liga para ela e
diz que está com saudades e que a ama?” E, então, ela disse: “quem disse que
estou com saudades? Só estou dizendo que ela é oportunista e que quando precisa
da gente, liga.” E, então, ela ligou para a amiga, mas brava, e começou a
ligação discutindo e dizendo o quanto a amiga não valia a pena. A amizade
chegou ao fim! Aliás, já vi “amigas” conspirando umas em relação às outras:
“vocês não acham que fulana não está esquisita com a gente?” Sim, conspirar não
vai trazer a amizade de volta. O que não é o medo da perda, não?
Aliás, esse é um movimento mais comum do que se imagina. Brigar
é uma maneira torta de tentar dizer ao outro o quanto se ama. Isso, claro, é
mais comum entre as pessoas que não têm habilidade de dizer “eu amo você”. Aí,
fica chamando a atenção com provocações ou chatices mesmo, só para que o outro
lhe dê atenção. Uma psicóloga me contou um caso, certa vez, de uma situação que
ela presenciou. Estavam mãe e filha (pelo menos era o que parecia) no aeroporto
de Guarulhos e a mãe não queria que a filha embarcasse. E, então, a mãe começou
a colocar defeito na mala que a filha carregava e que não mandou arrumar; no
corte novo de cabelo da filha; no porquê daquela viagem naquele momento. Enfim,
a mãe fez que fez e conseguiu chamar a atenção daquela ala do aeroporto. Não
era mais fácil dizer: “filha, eu te amo e tenho medo de perdê-la e então vou
torcer para que tudo dê certo?”
O medo de perder alguém é um capítulo à parte.
Particularmente, não acredito que medo e amor caminhem juntos. Ninguém precisa
ter a mesma opinião que a minha, mas acredito que se você ama alguém, estando
perto ou longe, aquela pessoa vai estar contigo, não é verdade? Onde entra o
medo da perda, então? Você já não tem o amor daquela pessoa? E se não tem, você
merece ficar à mercê da falta de amor dos outros? O amor verdadeiro conecta
pessoas e não os distancia.
Por isso, apenas questiono assim: se se quer demonstrar amor
a alguém, porque é que não faz?
Uma das coisas mais importantes que aprendi com uma pessoa
que amo muito é que o amor não deve ser servido em conta gotas, mas em doses
únicas. Dizia essa pessoa: “querida, não economize no amor. Desde que ele seja
verdadeiro, diga às pessoas o quanto você as ama. Amor em conta gotas é para
aqueles que não conseguem amar de verdade, então, ficam dosando o amor conforme
as suas necessidades”.
Como ela sabia das coisas! E foi também uma das pessoas que
me mostraram a importância de entender que o amor não é moeda de troca. E que
só conseguimos mesmo amar os outros, quando nos amamos antes. E que devemos estar próximos das pessoas que realmente nos ama e nos aceita!
Mas, o maior ensinamento que tive com essa pessoa foi: não
perca a oportunidade de comunicar o amor porque essa oportunidade pode passar.
A vida é curta, dizia ela.
E como tinha razão! A minha sorte é que nunca deixei de
demonstrar todo amor e gratidão que tenho a essa pessoa. Ela se foi na, semana
passada, para virar estrelinha no céu. Mas,
viverá eternamente em meu coração porque, como disse antes, o amor conecta
pessoas! E quanto amor nós trocamos!
Então, hoje, posso dizer, com propriedade e pieguice mesmo:
ame em dose única! Porque amor é o melhor que podemos oferecer às
pessoas.
p.s: Esse texto é uma homenagem a Berenice Morozowki,
terapeuta, amiga, conselheira e entendedora nata do amor.
2 comentários:
Amei o artigo. Sua sobrinha mandou bem. Deve ser de família. (publiquei como anônimo porque o sistema não aceitou minhas assinaturas oficiais. Beijo, Mariel)
Obrigada, Mariel. Participe sempre!
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