Esses dias percorri
quatrocentos quilômetros ouvindo, basicamente, uma única música: California
Dreaming, do The Mamas & The Papas. Claro, que alternei a música com
algumas outras só para variar um pouquinho. Mas, um pouquinho!
Numa interpretação livre e sem nenhum embasamento científico
chamo essa necessidade de ouvir uma mesma música de “sentimento único”, que é
quando a gente não quer mudar uma sensação que uma música pode nos passar, e aí
fazemos de tudo, mas de tudo mesmo (até apertar o botão “voltar” inúmeras
vezes), para aquela música não sair da cabeça.
Brinco que, infelizmente, músicas legais são como Yakult, quando
se percebe, já passaram e sempre se quer mais um pouquinho. Acredito que
algumas músicas poderiam fazer parte do hall do rock progressivo, aquele gênero
musical que embalou muitas viagens de gente que tomou chá de fita e nunca mais
desligou o play.
Já
pensou se as músicas bacanas tivessem a duração de Shine on you crazy diamond,
do Pink Floyd...
... ou as mais conhecidas do Jethro Tull?
Mas, claro, essa era outra
época e talvez as pessoas tivessem mais tempo de apreciar uma música. Ou mais
loucura mesmo!
E quando se gosta de uma música que não sai da cabeça e não se
sabe de quem é? Dá um nervoso! Aí se
pergunta aos colegas de trabalho ou amigos todo tipo de coisa para tentar
lembrar da dita-cuja da música: “sabe aquele filme de tal atriz, que tem aquele
ator conhecido também? Então, sabe aquela cena que tem aquela música?”
Numa dessas foi que criei uma briga bem grande com amigos fãs
de Pearl Jam. Jurava que Like a Stone,
do Audioslave, fosse do Pearl Jam. Uma vez escutei-a em qualquer lugar (não me
lembro onde) e pensei: “nossa, Pearl Jam mudou a pegada das músicas”. E,
durante anos, sem nunca ir ao Youtube verificar, jurava que a voz de Like a Stone era de Eddie Vedder,
vocalista do Pearl Jam! E, foi que, em uma roda de amigos, comentei sobre a
música: só faltou a conversa acabar em tiroteio! Tá bom, gente, entendi que não
é o Pearl Jam. Mas, cá entre nós, não parece?
Outra coisa difícil é quando se tem uma música na cabeça e
não se sabe cantá-la, principalmente quando se é em outra língua. É como
tortura chinesa! Carla Bruni é sempre um desafio. Além de linda e talentosa,
tem uma voz única, com letras super charmosas e ainda algumas com uma certa
profundidade. Qual mulher não se identifica? Ela é um símbolo feminino na música contemporânea! E
foi por causa dela que fiz uma coisa de adolescente: imprimi as letras para
poder acompanhar o que cantava! Não podia perder La dernière minute ou a leveza de Chez Keith Et Anita.
Mas, claro, nem toda música que temos na cabeça contém uma
letra do maestro Antônio Carlos Jobim. De vez em quando, a melodia vem do outro
lado do Rio de Janeiro. Esses dias, coloquei em sala de aula a música abaixo
para fazer um estudo sobre o que as pessoas tentavam comunicar sobre sua
realidade.
Você também ficou com ela na cabeça? Foi a primeira coisa que
os alunos falaram: “ah, professora, agora vai impregnar.” Desculpa, gente, mas
foi necessário!
Se você ficou com essa música na cabeça, dou uma dica. Tem um
site chamado “desescute” (link no rodapé) que tem por objetivo lhe ajudar a
tirar uma música da cabeça. E, ainda, faz você vai ficar com outras na sua
mente. Por exemplo, quem nunca cantou o refrão de Losing my religion, do R.E.M? Gruda como chiclete! Mesmo que não
escute a música, já pensou no refrão! Funcionou!
Ah, o que tudo isso tem a ver com comunicação? Músicas
comunicam estados de espírito. E, se você não sabe que estado de espírito está
agora, então, olhe para o seu Ipod ou celular e observe sua seleção. Ela vai
dizer muito sobre você mesmo!
Ainda não consegui
tirar California Dreaming da cabeça. Tomara que fique na de vocês! Play it again, Sam!
p.s: o site desescute! Clique aqui!
p.s1: Play it again, Sam, é uma brincadeira com o filme Casablanca! Essa frase que nunca foi dita, apesar das pessoas acreditarem que sim. Ingrid Bergman diz apenas: “Play it, Sam. Play As Time Goes By”. Taí uma música bem legal para se ficar na cabeça!
2 comentários:
Adorei, Alloyse!
Obrigada, querida! ;)
Postar um comentário