Quando um homem vai ao salão – primeiro que homem vai ao
barbeiro e não ao salão – bate nas costas do barbeiro (que, em geral é
barbudo), abre uma revista pornográfica, não puxa assunto e não pensa em nada.
Tenho uma admiração profunda pelo “nothing box” masculino, que é aquele momento
em que os homens não pensam absolutamente em nada. Só eles conseguem fazer isso
com tanta maestria!
Um grande exemplo de “nothing box” é o personagem Homer
Simpson do seriado americano. Em alguns momentos, o personagem abre uma cerveja
e se imagina fazendo algo completamente diferente daquilo que ele estava
fazendo. E aí, ele se vê, por exemplo, namorando a atriz da revista pornô (que
é o que muitos homens devem pensar no barbeiro, rssss) e depois de alguns
minutos, até aquela cena maravilhosa desaparece da cabeça dele. Esse é o “nothing
box”, o momento em que os homens não pensam nada.
Sabe quando a mulher vira para o marido e fala assim: amor, o
que você está pensando? E o marido fala: nada! É nada mesmo! Acredite!
Eu chamo esse momento de não pensar em nada como uma dádiva
da natureza masculina. Afinal, como é bom não pensar em nada. Para não pensar em
nada, nós, mulheres, precisamos nos concentrar. E aí há um esforço que envolve tempo
e energia. Quer dizer, até para não pensar em nada, temos que pensar. Que
injusto!
E isso tem uma explicação: nós somos ensinadas, desde crianças,
a dar o “suporte” ao outro, a dar atenção e colo, a sermos gentis. Quer ver como?
Menina educada não fala palavrão e responde quando é chamada. Se um menino não
responde a sua mãe, o que é bem comum, a mãe fala: esse menino, vou te contar!
Mas, permite que ele não responda nada. E, então, os homens aprendem, desde
cedo, a dar suporte a seus neurônios: cansou, entra no “nothing box”.
O que quero dizer é que, ao contrário do que muita gente diz
ou pensa, não pensar em nada (que é a mesma coisa de entrar no “nothing box”) é
uma prática que nós mulheres deveríamos nos permitir, de hora em hora. Até para
não ficarmos pensando em dar suporte para os outros, quando não damos nem a nós
mesmos. Pensou na celulite? “Nothing box”. Está se preocupando demais com os
filhos? “Nothing box”! Não sabe como prospectar clientes? Nothing box!
É claro que, numa sociedade como a nossa, o “nothing box” nem
sempre é bem visto. Afinal, espera-se das pessoas que elas tenham um
comportamento receptivo. Mas, e daí? As pessoas esperam muitas coisas! Eu
defendo que, se for para o bem dos seus neurônios, use o “nothing box”. Seja você homem ou mulher, criança ou idoso,
pobre ou rico, use o “nothing box”.
Perguntem aos homens se eles estão, assim, tão preocupados
com o corpinho, conta bancária, de não pegar nem gripe, de não ter o carro do
momento? Bendito “nothing box”!
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