Existem algumas situações que fazem qualquer pessoa se sentir
um pingo no meio de uma multidão. Você já tentou pegar o metrô às seis da tarde? Mesmo em Paris, Londres ou qualquer
cidade do mundo, a essa hora, qualquer pessoa é um pingo no meio da multidão.
A mesma sensação existe quando alguém enfrenta aeroporto em
feriados ou tenta um lugar ao sol na praia, num réveillon. Não é que todo mundo
queira a mesma coisa. É que a vida é assim mesmo! Anda-se em cardumes e nas
idas e vindas é bem comum se perder no meio da multidão.
É por isso que, nessas horas, eu acredito nos pequenos
atos. Quando se é mais um no meio da
multidão é preciso olhar para o lado, para o desconhecido e compartilhar a
espera. Ou compartilhar a falta de espaço ou o cansaço ou o estresse mesmo.
Ninguém quer passar horas em um aeroporto esperando por um voo que pode durar
apenas 40 minutos.
Acredito que são os pequenos atos que nos trazem de volta à
vida. Como um sorriso, uma brincadeira, uma palavra legal. Semanas atrás,
consegui pegar um taxi às 18h, em um dia chuvoso. Senti-me tão premiada que sai
correndo. E, claro, escorreguei no asfalto, me espatifando como uma jaca no
chão. Mas, eu caí de uma maneira tão errada que quando fui entrar no táxi achei
que estava tendo uma parada cardíaca. Eu não respirava, não falava e não tinha
forças para ligar para ninguém. E aí, o taxista começou a tentar me animar e a
conversar comigo até que parou o carro e disse: vou te levar para um pronto
socorro! Depois de tentar correr (com o trânsito das 18h, já viu) então, ele
parou o carro de volta. E me deu um abraço! E disse: a senhora vai melhorar, é
só o susto. Sim, ele havia levado minha alma para o pronto socorro! E, então,
me acalmei de um jeito que a dor havia (quase) passado.
Esse foi um grande pequeno ato! E eles acontecem quando menos
se espera. Ainda mais com gente distraída, como eu, que vive se espatifando na
rua!
Eu acho que quem promove os pequenos atos são como anjinhos
da guarda. Eles estão atentos com os desatentos e prontos para o kit alegria,
quando as coisas não acontecem da melhor maneira possível. Na verdade,
acredito que os pequenos atos acontecem até mesmo quando se está alegre. Basta parar
alguns instantes para perceber.
Esses dias, fui ao teatro e, quando fui pagar o ingresso, o
moço do guichê virou para mim e disse: está certo! E, então, eu disse: moço, eu
não paguei ainda. E ele insistiu: por isso, está certo! Pode entrar. Agradeci a
generosidade, claro!
Acho que a vida passa tão depressa e todo mundo está
esperando por coisas grandiosas que os pequenos atos passam despercebidos. No
entanto, existe coisa mais legal do que pequenos atos? Uma vizinha que lhe traz
alguma coisa, uma piada feita por um desconhecido, a risada dentro do elevador,
a vendedora que lhe guarda aquela blusinha porque sabe que você iria gostar. É
como conversa fora jogada no salão, sempre sai uma pérola.
Pequenos atos são como a comida da casa da mãe! Tão
aconchegante que você come o triplo! Rsssss.
E, quando se está na multidão, não é difícil de se sentir
acolhido. Basta perceber os pequenos atos.
E quais são os seus?
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