Não
existe nada mais irritante do que deixar uma ideia escapar. É como ganhar na
loteria e não ver o dinheiro. É como o gol na trave. Ou como o sorvete que cai
no chão depois da primeira lambida. Dá vontade de sentar e chorar.
É
claro que existem inúmeros eventos hoje que vão levar o cérebro (de todos nós) a se distrair. É uma
interferência que, geralmente, não contribui com muita coisa e que, com
certeza, altera o seu olhar e seu estado de espírito em pouco tempo. E aí, em
segundos, qual era mesmo a ideia incrível que você teve? Poderia ser a solução
de um grande problema. Poderia ser a resposta que esperava há meses. Ou então a
reta final daquele projeto que você há um ano, praticamente a cereja do bolo. Poderia!
Mas você se desvirtuou tanto em seus pensamentos que deixou escapar aquela obra
prima do seu cérebro.
Existem
algumas interferências que são mais corriqueiras, como: o colega que fala alto
no telefone, tentar fazer reunião em um café (vocês já repararam quantos
barulhos existem em um café? Acredito que é possível se concentrar por apenas
cinco minutos) ou receber e-mail pelo celular. Fala a verdade, quantas vezes
você parou o que estava fazendo para checar o seu e-mail hoje?
Mas,
acredito que a campeã número um de desvirtuamento de pensamentos são as redes
sociais. Elas foram criadas para que as pessoas ficassem, assim, mais próximas.
Deu certo! As pessoas não conseguem mais parar de se falar. É quase um vício. Lá
estão as fotos dos amigos, o comentário de um colega, um contato
interessante, a piada do dia. Pois, é! E aí, quando você vê, puxa, já se
passaram horas. E, você que tinha uma ideia tão boa na cabeça acaba deixando
escapar aquele pensamento que faltava para você ter uma conclusão incrível. Mas,
se você não acha que as redes sociais atrapalhem tanto assim, vou listar outras
coisas que, por unanimidade, deixam qualquer um com a cabeça cheia (e vazia de
criatividade): trânsito, barulho de trânsito, fila (para qualquer coisa), locais
cheios de barulho de gente falando, ir ao banco.
Acredito
que já existem interferências demais, hoje, para se viver e pensar com
tranquilidade. Não à toa um dos principais mandamentos do yoga é: relaxa, deixa
o ar entrar e sair os pensamentos! É, não vai dar para meditar em qualquer
lugar, assim, do nada. Então sugiro algo mais prático para quando não se pode meditar: pegue um papel e comece a anotar suas
ideias, como os avós faziam. Não anote no celular porque vai lhe dar vontade de
olhar as redes sociais. Então, leve um bloquinho contigo (pequeno, para caber
na bolsa ou mochila) e aí, pintou uma ideia, anote.
Muito
bem! Você anotou a sua ideia, mas não sabe o que fazer com ela! Não se
preocupe. Sente na frente do seu computador e escreva tudo o que vier na sua
cabeça, mesmo que pensamentos paralelos venham junto. É o que chamo de
“download”, não importa muito bem a “plástica” da ideia. O importante é deixar
fluir os pensamentos. Se for útil tudo o que escreveu, releia e tire umas
palavrinhas desnecessárias. Se for uma porcaria, não delete. Talvez isso não
lhe leve sirva para nada, agora. Talvez seja o projeto dos seus sonhos, no
futuro.
Agora,
se você fez tudo isso e ainda não conseguiu colocar nada no papel, então faça como
o pessoal da yoga. Relaxe, deixe o ar entrar e os pensamentos saírem. Não se
conecte a nada, nem a ninguém. Falo com propriedade (afinal, estou sempre
produzindo conteúdo e não posso deixar escapar meus pensamentos): nada funciona
quando se está com a cabeça cheia! Grite, chore, esperneie, bote para fora
todos os sentimentos, se isole, cante, brinque ou dance, mas não deixe sua
ideia fugir. Se ela apareceu na sua mente é porque só pode ser algo brilhante!
Concluo
o assunto da semana com um poema de Quintana que se chama “das ideias" e diz
assim:
“Qualquer
ideia que te agrade,
Por
isso mesmo... é tua.
O
autor nada mais fez que vestir a verdade
Que
dentro de ti se achava inteiramente nua...
p.s: resolvei escrever
sobre as ideias que somem porque havia pensado em uma outra coisa para escrever para essa semana. Anotei-a em um bloquinho e coloquei-o no bolso do casaco. E,
levei-o para a lavanderia. No dia seguinte me liga a moça da lavanderia:
Senhora, encontramos um caderninho no bolso de seu casaco, infelizmente foi
molhado. Fiquei tão triste!!!!!! Eu não conseguia me lembrar sobre o que ia
escrever, então tive que mudar de tema. Como diz o Quintana (sempre ele): “dar
conselhos traz sempre um grande alívio porque nos desobriga de os seguir”.
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