Alguém me perguntou, por esses dias,
desde quando a comunicação tinha se tornado um bom negócio no mundo. E, então,
inverti a pergunta: desde quando a comunicação deixou de ser um bom negócio?
Vou voltar um pouquinho na história,
para que seja possível entender a relação comunicação x lucro.
Sabe quando os macacos subiam nas
árvores para colher bichinhos, sementes ou frutas? Pois foi nessa época, mais
ou menos uns quinze milhões de anos atrás, que os macacos (ou os primos mais
distantes dos primatas) descobriram que comunicar significava questão de vida
ou morte. Eles começaram a emitir sons para avisar sobre possíveis perigos à
vista ou escassez de alimentos. Os cientistas não sabem ao certo quando o som
emitido acabou virando uma língua (com certeza não universal para a época).
Mas, é inegável para a ciência que a comunicação só existiu porque os mamíferos
precisaram organizar o trabalho, distribuir atividades entre eles, inclusive
para que pudessem preservar a segurança do bando enquanto outros buscavam o
alimento. A comunicação já era, portanto, uma ferramenta para administração do
tempo e do trabalho mesmo entre os mamíferos.
Os cientistas também acreditam que a
maneira como as pessoas se comunicam no mundo tenha se concretizado, mais ou
menos, há apenas 6 mil anos. E de lá para cá, a comunicação passou por inúmeras
transformações.
Nos últimos séculos antes do ano zero,
por exemplo, os romanos acreditavam que podiam conversar com os deuses. Boa
parte do tempo era gasta com aquele papinho do tipo: “deus do Sol, se você me
conceder o casamento com a bela dama da sociedade, sacrifico um boi inteiro em
seu nome”.
Não é o mesmo tipo de comunicação que
se percebia quatrocentos anos depois do ano zero, quando uma só religião ganhou
espaço no velho mundo. As pessoas passaram, então, a praticar outro tipo de
conversa: o que a Igreja gostaria que as pessoas conversassem. Um feito que
durou mais de um milênio e meio.
Até que vieram as conquistas, guerras, quebra
de fronteiras e os estados foram se dividindo. As pessoas se sentiram mais à
vontade para conversar sobre aquilo que elas pretendiam. Principalmente, quando
nem os estados nem a Igreja passaram a não mais provocar esse “medo” na sociedade.
E, então, a festinha da “comunicação” só
estava começando. No século XX criaram-se mais ferramentas que possibilitariam
aos humanos trocarem suas ideias do que em toda história da própria humanidade.
Ou melhor, eu diria que a comunicação evoluiu, em 30 anos, mais do que em 30
séculos. Foram precisos milhões de anos para que ela aparecesse assim,
claramente, objetivamente e sem ruídos.
Pura ilusão! Todo mundo sabe que os
ruídos de comunicação podem existir em qualquer lugar e entre quaisquer
pessoas. Mesmo entre amigos, sócios, clientes, parceiros, funcionários e chefes.
Mesmo no século XXI.
E
é aí que entra a pergunta invertida que fiz a meu amigo: quando foi que a
comunicação deixou de ser um bom negócio?
Convido você a analisar um pouquinho
comigo: comunicar não é apenas falar. É fazer com que haja troca de ideias, um
relacionamento com o seu interlocutor. E para chegar nesse ponto, como se viu,
foi preciso vencer inúmeras barreiras comunicativas: as distâncias, a conquista
sobre o próprio conhecimento.
Se hoje, no entanto, vive-se uma
“efervescência” de plataformas comunicativas (seu smartphone, seu Ipad, seu
note, etc), por que é que há tantos problemas com a comunicação no mundo?
Acredito que possa haver algumas
respostas para isso: 1) todo mundo quer e precisa se comunicar. Mas, são raras
as pessoas que se percebem em situações comunicativas. Aliás, são poucas as pessoas
que se importam em se comunicar de verdade. Elas são impactadas pela força do
dinheiro ou do seu cargo e acreditam que, se forem agressivas, competitivas,
vão mostrar um poder incrível sobre seus concorrentes e até funcionários. Uma
pena que os profissionais ainda pensam assim! A diplomacia (mesmo através de
guerras) foi o que levou o mundo a ser o que ele é hoje, redesenhado milhões de
vezes em suas próprias fronteiras. Por que você nada contra a maré? Por que
você é um peixe grande? Não se preocupe! Até peixes grandes morrem na praia,
como as baleias encalhadas. Não à toa que, mesmo com o esforço das equipes de
comunicação interna, ainda existem empresas que continuam tendo os mesmos
problemas de comunicação há anos. Se o peixe grande não se preocupa com a sua
comunicação, por que é que o cardume vai se preocupar?
2) O segundo passo do insucesso da
comunicação eu atribuo aos 10 passos de qualquer coisa. Os profissionais estão
esperando que os 10 grandes milagres da comunicação caiam em seus colos para
que se siga, ao pé da letra, o que é que as pessoas deveriam fazer. Espere aí!
Eu mesma já escrevi sobre 10 maneiras de se comunicar melhor. No entanto, não espero
que isso vire uma Bíblia. Você não sabe qual é o melhor da sua
comunicação? Você nunca se viu falando
no espelho, nunca se gravou em uma aula ou nunca recebeu um feedback comunicativo de alguém? Está na
hora de começar a pedir ajuda dos comunicadores! Eles vão poder lhe dar feedbacks profissionais sobre sua
comunicação.
Abrir sua mente para observar quem é
você é fundamental para mudar a sua comunicação. E, em seguida, mudar a maneira
como se comunica com o resto do mundo. Mas, nem sempre as pessoas querem ter
essa profundidade para pensar na sua comunicação ou conseguem.
A superficialidade de enxergar a si
mesmo (no processo comunicativo) é também o motivo do “por que a comunicação
não é vista como investimento”. As pessoas têm pressa de tudo hoje em dia e
consomem informação e comunicação de uma maneira rápida, superficial. Investir
em comunicação às vezes é demorado porque demanda uma mudança no comportamento
de funcionários e de chefes. Então, a curto prazo, os gestores, executivos e
afins não estão com essa paciência toda de esperar por essa mudança. Se você
acredita nisso, pode sair correndo com sua pressa e esperar que, um dia, seus
problemas de comunicação (ou da sua empresa) sejam resolvidos, assim, sozinhos.
Ou criar problemas ainda maiores, como falhas de interpretação. Quantos
problemas ocorrem quando se interpreta um fato a partir apenas do seu ponto de
vista? Sim, isso também é superficialidade. Para buscar uma comunicação mais
eficiente é necessário, no mínimo, que além de se analisar é preciso também
analisar os contextos. Aí você vai me dizer: mas, é muito trabalho! Problema
seu se é preguiçoso (a)!
3) O terceiro ponto que acredito que a
comunicação não é vista como um bom negócio é que, em geral, as empresas não
enxergam o departamento de comunicação (que muitas vezes é reduzido ao de
marketing) como uma mina de dinheiro. Não enxergam porque não querem! Pense só
em uma empresa que oferece serviços. Se os funcionários desse local fossem
treinados para se comunicar melhor com os seus clientes trariam lucros mais
rapidamente para a empresa. Mas, nem sempre os empresários têm essa visão.
Investe-se muito em treinamentos técnicos, línguas, dinâmicas para atingir
metas. E tudo isso adianta se seu funcionário não sabe se comunicar com o
cliente?
Para a maioria das empresas, a
comunicação não parece ser algo palpável. Se você não expõe a mensuração da
comunicação em uma planilha bacana, em 3D, é provável que os profissionais vão
achar que você é um novo desbravador do mundo, com ideias revolucionárias e
pouco práticas.
Se você acredita que a comunicação é
uma utopia, vou listar alguns dos itens que vão diminuir os custos da sua
empresa por meio da boa comunicação (sua e de seus funcionários): clareza nas
ideias, o que diminui o tempo gasto com execução de tarefas; circulação mais
eficiente de informações entre colaboradores, o que evita vendas erradas; trocas
justas de informações entre funcionários e chefes, evitando desgastes e até
afastamentos por estresse; aumento do censo de coesão, que é quando o funcionário
se sente parte do time porque foram comunicadas a ele as ideias centrais da
empresa, evitando que ele “jogue contra a empresa”. Ah, sem contar
aquela parte em que os profissionais que se comunicam melhor têm uma vida mais
focada e leve, porque não têm medo de expor seus sentimentos.
Para se ter uma boa comunicação é preciso foco, estudo, análise e aceitação.
Coisa que nossos colegas primatas fizeram sem questionar. Eles não sabiam falar
direito, mas tentaram tanto que conseguiram, com êxito.
A
comunicação deixa de ser um bom investimento quando as pessoas não querem vê-la
como algo eficaz. Não parece um produto, não é mesmo? Parece sim, você é que
não quer entende-la dessa maneira!
Então, quando alguém me pergunta quando
é que a comunicação é um investimento, eu digo: a comunicação é sempre seu
melhor investimento. E da sua empresa
também. É só você tentar!
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2 comentários:
Sem dúvida!
Será que na era do conhecimento é assim tão difícil entender que "a Comunicação é a coluna vertebral" das Relações Interpessoais?
Margarida, obrigada pela sua participação. Também acredito nisso! Não é possível que a importância da comunicação ainda não esteja clara para as empresas! :)
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