O grande desejo da minha vida é ter uma
piscina olímpica no fundo do quintal. E também ter um ofurô e uma banheira. Um
mundo das águas em casa! Coisa de nadadora!
E aí fiquei pensando que, quando eu for
velhinha, cheia de netos, vou dizer para eles: naquela época, no começo do
século XXI, ter uma casa com água em abundância era algo normal e viável. Mas,
naquela época, as geleiras dos polos começaram a derreter, há cinquenta anos. E
os carros também poluíam e havia desperdício de alimentos. Alimentávamos o
corpo e não a alma, você acredita?
Eu sei que daqui a 50 anos, o mundo deve
ser um bocado diferente do que é hoje. Talvez a gente não se alimente só de
energia e ainda precisaremos de carros para nos locomover. Mas, com certeza,
daremos um jeitinho para os “problemas” de nossa Era. Sei que será difícil ter
uma piscina olímpica no quintal. Mas, quem sabe não aprenderemos produzir água
artificial, sem depender do céu?
Este é o século XXI e começamos a
despertar para o fato de que os problemas que tínhamos antes não se
reproduzirão no futuro. É preciso mudar a forma de pensar, de consumir, de
agir. E, foi pensando nisso que evitei, ao máximo, algumas notícias que assisti
nos telejornais e que me pareciam mais velhas que a Idade Média, também
conhecida como a Era das Trevas.
Quando me deparo com as declarações do
deputado Feliciano, eu tento ignorá-las. Mas, depois de passar semanas vendo o
assunto circular, resolvi tentar entender por que ainda estamos discutindo a
forma como as pessoas se relacionam. Chama-me a atenção as discussões que ele
propõe porque, honestamente, eu me pergunto se esse homem vive no mesmo século
que eu. Por que ele está tão preocupado com a maneira como as pessoas se
beijam, fazem sexo ou trocam carícias? Eu acredito que há amor entre humanos
nas suas mais variadas formas. Ninguém pode ser desrespeitado porque ama alguém
do mesmo sexo. Você não ama a sua família? Você não ama seus amigos? Você não
ama suas plantinhas ou o cachorro? E você chama de “amor” o repúdio que sente
por alguém que se relaciona com uma pessoa do mesmo sexo? Você acha que seu
amor é mais “verdadeiro” do que o de qualquer outra pessoa?
Esses dias, uma senhora comentou no
salão de beleza: “os bichas trepam uns com os outros”. Eu pedi licença e disse:
minha senhora, conheço inúmeras mães de famílias, excelentes donas de casa e
profissionais incríveis que “trepam” com seus maridos. Elas acham uma delícia.
O que é amor para a senhora? Aquilo que a senhora faz? E ainda acrescentei:
conheço pessoas que se dizem super descoladas, mas são super preconceituosas na
hora de ir para a cama e aí ficam falando mal dos outros porque não entendem a
própria sexualidade.
Por que as pessoas estão preocupadas com
a vida dos outros? Apesar de ter inúmeros amigos gays, eu não vou à parada gay
e não me preocupo em levantar bandeiras porque acredito que, nos dias atuais, não
deveríamos mais discutir os direitos dos homossexuais. Já é assunto resolvido e
temos que pensar em problemas reais.
Você acha, senhor Feliciano, que o
homossexualismo gera rejeição? Tenho uma outra visão sobre essa história: acho
que a falta do que fazer e a falta de criatividade e interatividade com o mundo
atual leva o senhor a criar “historinhas de terror” na sua cabeça. Pare de
assustar as criancinhas desavisadas que acreditam que “amor” é um negócio bobo
e cheio de preconceitos.
Bom, acho que agora que desabafei, posso
parar de pensar sobre o assunto. E, ah, com o que eu estava preocupada mesmo?
Com a água do planeta, né? Vai que eu não possa ter uma piscina olímpica em
casa? Essa é minha preocupação porque, no século XXI, já não importa mais como
as pessoas se amam. Eu acredito nisso.
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