Eu sei que Natal parece uma época meio mágica em que
as pessoas criam certa esperança, ou expectativa, para o ano que está chegando.
Eu acredito nisso também, mas não só nessa época do ano. Aliás, como disse no post anterior, acho que as pessoas estão
menos razoáveis no fim do ano. Mas, não há como negar que existe sim um clima mais
romântico no Natal.
Gosto
de dizer que Natal tem sabores especiais: o cheiro do cravo temperado na
carne, a textura da mousse de chocolate, as guirlandas nas portas, os cartões,
enfim, tudo isso faz parte do cenário. Eu sempre digo que “Feliz Natal” não é
apenas uma expressão usada para a troca de presentes, mas uma intenção que depositamos
nos outros.
O que
eu gostaria de desejar para as pessoas? Realização? Autoconhecimento? Sucesso e
dinheiro? O que desejo é que as pessoas
sejam felizes com quem elas “são”, assumindo as escolhas que fazem e
satisfeitas com os seus próprios desejos. Mas, será que é isso que acontece, na
prática?
Vou
contar uma historinha para você: toda vez que escuto um discurso, presto muita
atenção no que as pessoas estão falando, pois faz parte do meu trabalho de
consultora. E, ao longo de vários anos, comecei a reparar como eram recorrentes
os discursos de insatisfação das pessoas, principalmente em relação à maneira
como se comunicam uma com as outras. Por exemplo, uma reclamação comum que escuto
é: as pessoas não me entendem! Eu gostaria que meu filho escutasse o que digo!
Eu queria que meus funcionários prestassem atenção nos meus pedidos! E, então, comecei
a ligar os pontinhos e a perceber que existia um tipo de vazio presente em
quase todo mundo – o desejo de ser entendido.
E, então, traduzi essa necessidade de
atenção e trocas mais saudáveis por algo que chamo de “amor”. “É isso que você
busca?” “Não, não, me disse uma pessoa, uma vez. Como assim vou amar meus
funcionários?” – disse ela.
Foi,
então, que reparei que as pessoas dão vários nomes para o amor: buquê de
flores, chocolate, o respeito dos colaboradores, a compreensão da mulher ou
marido, um abraço gratuito de um filho, enfim, tudo isso é amor. As pessoas desejam,
acima de tudo, que os relacionamentos não sejam tão difíceis e que o diálogo ou
as trocas discursivas fossem mais suaves. E isso é amor, mesmo que não os
denomine assim.
O amor, no meu ponto de vista, não é a
imagem de um príncipe encantado que chega num cavalo branco para me resgatar.
São doses pequenas de generosidades, às quais nem sempre damos valor, porque
alguém nos disse que amar é ganhar flores (rsss).
Não
existe amor na iniciativa da diarista que faz um bolo sem você pedir? Ou na
atitude de um funcionário que chega no horário e faz tudo o que você pede? Ou quando
uma amiga vai buscar a outra no trabalho porque o carro da colega quebrou? Eu
sempre digo que meu porteiro me ama porque, todos os dias, faça chuva ou sol,
ele me diz: dona Alloyse, você está muito elegante hoje, aliás, como sempre! Eu
acho isso um ato de amor! Assim como amar é a visão de uma minha amiga que me
puxa a orelha nas horas certas (né, Dani?). E é também chegar em casa e ver os bilhetinhos
de gratidão que minha mãe deixou para mim, quando ela vem me ver.
E claro, amor, também é um beijo longo e
delicioso, mesmo quando não vem acompanhado de flores!
Mas, vamos
voltar à história do porteiro: será que o porteiro me amaria se eu não o
tratasse com amor também? Veja como esse sentimento reflete a nossa comunicação
e as trocas discursivas que fazemos todos os dias. E, então, pergunto às
pessoas que me questionam sobre como usar a comunicação para ter
relacionamentos mais saudáveis: você ama as pessoas também?
E
então, reparei que algumas pessoas esperam que o amor chegue pelos Correios,
embrulhado num pacotinho, que quando você abre, se sente amado. Sinto lhe
dizer, mas isso não vai acontecer. Não quero aqui fazer profecias, nada disso,
nem defender ideias holísticas, mas acredito que se você não amar as pessoas
também não será amado.
É fato que o amor é feito à base de
troca. E essa “energia” será traduzida por meio dos discursos e ações que
realizamos. Você vai ter amor de um amigo se não se dedicar a ele? Vai ser
amado pela família se não se interessar por essas pessoas? Vai ser amado pelos
seus colegas de trabalho se não der bola para eles? E isso tudo não parece óbvio?
No entanto, muita gente acha que o amor é receber e não trocar.
Para os que não acham isso e se permitem
essa experiência, digo: nem sempre vamos acertar. Com o passar do tempo, percebemos
mais facilmente com quem podemos fazer esse tipo de troca ou não. Quem nos ama
de verdade e a quem vamos dar amor!
Mas,
como você vai saber se não se arriscar? De vez em quando fazemos umas trocas
estranhas, é verdade! Mas, aí saímos no lucro: ganhamos novas experiências e
erraremos menos da próxima vez.
Acredito
que amar é não ter medo de ser legal com as pessoas! Mas, não seja legal só quando você tem interesses, mas seja legal sempre que possível. Um funcionário que deu
trabalho no passado pode ser seu aliado no futuro, mas para isso você vai precisar
dar amor. Assim como conheço inimigos que se tornaram amigos, a partir de de
pequenas doses de amor. Nem tudo o que é ruim será ruim sempre. Tudo depende da
maneira como você vai traduzir seus sentimentos por meio da fala e de atitudes.
Feliz Natal para você!
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