Você acorda cedo, pula da
cama e escovas os dentes. Antes mesmo de chegar à cozinha, aperta a tecla power
do computador. Faz o café e liga a tv para ver o noticiário. Essa cena te
parece comum?
Bem vindo ao clube! Você faz parte de um exclusivo mundo
chamado “no changes”, que também pode ser conhecido por rotina. Talvez você
ligue a tv antes de chegar à cozinha e só o computador depois. Não importa!
Perguntei para dezenas de pessoas se essa era uma rotina matinal
e TODAS me disseram que sim. Conhecei, então, a questionar outros comportamentos que temos
e que fazemos sem pensar. Quer um exemplo? Você faz sempre o mesmo caminho para
o trabalho? Vai ao mesmo supermercado sempre?
E mais! Percebei que muitos de nós fazemos, há anos, coisas
exatamente iguais, como se não existisse a opção do diferente! Não acho que
exista nada de errado com a rotina, afinal ela é necessária em um mundo tão
corrido quanto o nosso. Se não organizarmos nossa agenda, como vamos viver?
Mas, acredito também que, há longo prazo, a rotina pode desfocar
nossa vista! Depois de quase 15 anos trabalhando com comunicação e tendo que
escutar muitas pessoas a falar, percebi que elas contavam as mesmas histórias da
mesma maneira, sempre. Era como se fosse um ponto de vista fixo sobre algo. Claro,
algumas mudavam suas opiniões conforme os anos. Mas, eram raras.
E aquelas que mudaram sua visão tinham algo em
comum: elas foram em busca do inédito e deram um novo sentido para a mesma
história. É como se elas pudessem acrescentar um acessório àquela roupa batida!
Quantas vezes você escutou alguém dizer: jamais faria isso! Particularmente,
achava que ballet era coisa de gente fresca, que não tinha nada a ver comigo. Até colocar uma sapatilha no pé! Percebi que perdi muito tempo com um repertório simplista sobre o assunto. Que besteira! Nem preciso dizer que me apaixonei pelo ballet!
Acredito que quanto mais tempo uma pessoa fica exposta ao
desconhecido mais enriquece seus argumentos sobre tudo. Mas,
como custa o desconhecido! Quando eu pergunto às pessoas porque elas fariam algo diferente, na
maioria das vezes a resposta que escuto é: e por que eu mudaria a minha rotina?
Porque o mundo é só um ponto de vista! O mesmo mundo que nos exige uma agenda também pode nos
oferecer inúmeras surpresas quando não a usamos. A rotina é confortável, mas nem sempre ela nos acrescenta!
Portanto, te convido a comer aquele prato que você nunca provou; dançar
sem parar uma noite inteira; beber um vinho em vez de cerveja e cachaça em vez de vinho; comprar um vestido de cor berrante; pegar um ônibus e deixar o carro em casa; conversar com uma criança, ainda que ela não entenda muita coisa.
Pelo menos para mim, comunicar não é só aquilo que
escrevemos no e-mail ou postamos no Facebook. É abrir a janelinha
do mundo e ver as inúmeras possibilidades que temos de conhecer o novo, de estabelecer uma conexão com o diferente.
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