Que
impacto seu discurso tem na mídia?
Quem
já deu entrevista em um veículo de comunicação sabe a dimensão
que isso tem. Certamente algum colega ou parente vai te parar na rua
para dizer: “te vi na TV!” ou “te ouvi no rádio!” Você
possivelmente não sabia desse alcance e jamais imaginaria ter seus
15 minutos de fama. Mas é verdade. A televisão é o meio de
comunicação que atinge a maior quantidade de pessoas, por ser o
mais popular dos veículos. Para se ter uma ideia dessa dimensão,
segundo uma pesquisa do IBGE divulgada em 2006, 93,5% dos lares
brasileiros tinham aparelhos de TV em casa. Na última pesquisa
divulgada em 2009, esse número passou para cerca de 95,7%. Ou seja,
se você der uma entrevista para o Jornal da Record, por exemplo,
corre o risco de ser assistido em todo o país.
A
televisão é um grande palco cujo público é composto por milhões
de pessoas. E nos expormos nesse veículo pode ser positivo para
nossa imagem ou não. Se você fala de maneira simples e objetiva, a
sua entrevista vai ficar didática e provavelmente será convidado
novamente para ser o entrevistado. Quem sabe até se torne um
comentarista. Mas, se for prolixo ou não transmitir uma idéia com
clareza, lembre-se que os mesmos milhões de pessoas vão estar te
assistindo. E aí, pode ser fatal para a sua carreira.
Ao
longo dos 13 anos de trabalho em emissoras de televisão, quatro
deles como Editora Chefe, minha função tem sido selecionar assuntos
e pessoas. Quando vemos um médico renomado falando apenas 10
segundos durante uma reportagem, perguntamos por que o deixaram falar
tão pouco assim? O fato é que nem sempre os grandes nomes da
medicina estão focados em traduzir para o público o seu conteúdo.
Assim, não resta alternativa aos jornalistas senão tentar
sintetizar essa fala para que o assunto fique claro. O que o
entrevistado diz tem que ser interessante para todos - para
isso é preciso falar de forma que seu chefe vá entender e a sua tia
que mora lá no interior, também.
Por
isso, sempre que um convidado vai dar entrevista na RICTV RECORD,
emissora onde trabalho, faço algumas indicações antes de entrarmos
no ar. Uma delas é pedir para evitar termos técnicos e tentar
simplificar as ideias. Seja honesto, você sabe o que é arguição
de suspeição? Se você não é advogado possivelmente ficará sem
entender. Nada mais é do que o pedido de afastamento de um juiz
quando ele pode estar sendo parcial em um caso. Não seria mais
simples dizer dessa forma? Veja como o vocabulário técnico pode
trazer um ruído imenso para a sua fala.
Outra
indicação que faço é pedir ao entrevistado queseja sucinto.
Afinal, são apenas três minutos de entrevista. Três minutos? Só
isso? É, só isso. Pode parecer pouco, mas em televisão três
minutos representam um longo período de tempo. Quando a TV de casa
sai do ar, mudamos de canal já que ninguém vai querer ficar ouvindo
aquele chiado. Pois bem, isso dura apenas alguns segundos. Imagine se
durasse minutos! O mesmo acontece com as entrevistas. Quando não
gostamos de um assunto trocamos de canal. Simples assim. É claro que
nenhum médico quer explicar como realizou uma cirurgia complicada em
apenas três minutos. Mas, se conseguir focar apenas o essencial vai
esclarecer um trabalho árduo e difícil até mesmo para os leigos.
Falar
na TV é muito diferente do que estamos acostumados quando vamos dar
aula, fazer uma palestra ou coordenar uma reunião. É tudo mais
dinâmico, objetivo e curtinho. Por isso, é preciso se preparar
antes. Selecionar o que é mais importante do conteúdo que você
quer falar ajuda muito na hora do diálogo com o jornalista. Não
decore. Apenas se foque no que é essencial. Também tenha em mente
que você precisará falar com pessoas que não entendem nada do seu
assunto. A simplicidade é a sua melhor amiga nesse momento. Fale
como se explicasse o seu trabalho para a sua diarista. Ou você acha
que ela também não se interessa por economia ou política?
Tenho
certeza de que o que você tem a dizer é muito importante. Como
telespectadora que sou, e não apenas como Editora chefe, sei que
posso aprender e muito com os nossos entrevistados. O público também
pensa assim. Você só precisa convencê-lo a continuar vendo a
entrevista e a não trocá-la pela novela.